Eu quis escrever.
Sabe, eu queria ter escrito… Eu quis escrever nos últimos dias, na verdade, nos últimos meses. Eu também quis escrever antes, muito antes, quando cheguei do Piauí, quando cheguei em casa. Acontece que, eles me escreveram… Isso significa que você também poderia ter escrito. Não é inapropriado que uma dama sonhe com um cavalheiro antes que ele já o tenha feito? Eu aprendi assim com Jane Austin, e não considero minha escolha orgulhosa se não de auto respeito e preservação. Mas, eu quis escrever, e tentei várias vezes. E escrevia e apagava e tentava dar sentido às linhas de palavras e palavras. EU QUIS ESCREVER! Eu quIS mas, não queria enviar, e logo… Logo não parecia ter propósito escrever, nem enviar, e então… Então eu escrevi sobre outra pessoa, e depois sobre outra pessoa e outra pessoa. Algumas vezes eu até escrevi sobre mim, sobre qualquer coisa mas… Sobre você? Nada, nunca! Nem se eu quisesse e nem querendo.
Apesar de todo drama antiquado de auto privação implicitamente relatado nas palavras anteriores, sei que eu podia escrever, eu poderia ter escrito. Nem que fosse meio idiota, nem que fosse sem sentido. Mas eu não o fiz, e não há desculpa suficiente que mascare meu acanho, ainda que alivie minha culpa, pois não é do meu encargo fazer investimentos, e é o que as palavras direcionadas são.
Há certa magnitude no silêncio, e nele a divindade também se expressa, no entanto, há uma linha tênue entre a paz e o vazio. Eu quis escrever, mas mais do que isso, eu quis que você me escrevesse e no oco das palavras que nunca chegaram, eu descobri seu nome, suas fotos, seus hobbies, suas músicas… Descobri como seus pés estão, onde você está e com quem, como… E apesar de tanto haver platônico, isso não é um investimento, eu quis escrever e por isso estou escrevendo, não porque você ou alguém está lendo, não há uma dedicatória, ainda que você exista, ainda que soem sentimentos, não estou te remetendo, eu apenas queria ter escrito… Agora, já não é mais hora e nem há mais palavras.
